Segundo a filosofia do Tantra Yoga todo o mundo físico e mental deriva de um estado superior ao da mente humana, um estado de consciência pura. Este estado inicial de consciência pura é a fonte de onde provem toda a criação, resultado de um fluxo para além da compreensão racional do ser humano.

Do estado inicial de consciência pura surgem, em sequência, o mundo mental (em três camadas sucessivas, Mahatattva, Ahamtattva e Cittatatva) e a partir deste o mundo físico (em cinco factores fundamentais, começando no mais subtil – factor etéreo – e progressivamente em estados de maior afinidade química e menor espaço inter molecular até ao estado mais denso – factor sólido).

A transformação do subtil em matéria é chamada Saincara e é propulsionada pela força criativa Prakrtii. Ao chegar ao estado mais cru, pequenas partículas dos 5 factores fundamentais começam, devido à pressão exercida por prakrti, a ser pulverizadas novamente em substância mental.

Este é o ponto de viragem onde começa o movimento do material para o subtil, chamado Prati-Saincara. As pequenas partículas de substância mental combinam-se, formando as mentes muito simples dos organismos subdesenvolvidos (as bactérias, plantas e animais têm, segundo a filosofia da AM, uma mente simples e subdesenvolvida).

Neste momento, existem dois processos em paralelo. Por um lado, as bactérias e os seres vivos mais simples evoluem ao longo de milhares de anos dando origem a espécies progressivamente mais desenvolvidas. Por outro, a mente de cada organismo, quando o respectivo corpo morre, progride individualmente, guiada pela Mente Cósmica, para espécies progressivamente mais desenvolvidas.

Neste sentido, a mesma mente passa por diferentes formas de vida vegetal e animal. Nos primeiros organismos, a mente está subdesenvolvida e a estrutura física adoptada não permite a sua expressão apropriada. À medida que adquire uma estrutura nervosa e glandular progressivamente mais complexa, a mente expressa-se mais e mais.

Por detrás da mente funciona na realidade a Consciência individual, que é como um reflexo da Consciência Cósmica, da Consciência Pura de onde todo o Universo flui.

À medida que a mente desabrocha e desenvolve as suas faculdades de reflexão mais elevadas, o ser começa a sentir atracção pelo desenvolvimento espiritual. Este estágio é conhecido por estágio humano.

Quem sou eu? O que sou eu? Qual é o meu papel no universo? Estas questões surgem em resultado de um maior desenvolvimento cognitivo e são no fundo a atracção exercida pela Consciência Pura que funciona por detrás da mente e que se reflecte mais e mais na placa mental do ser.

No caso dos animais, a Mente Cósmica guia-os através dos instintos para que evoluam sempre ao ritmo universal para existências progressivamente mais subtis.

O ser humano pode acelerar conscientemente a sua velocidade de evolução em direcção à Consciência Pura através da elevação e expansão da sua mente, ou regredir a estágios inferiores de existência, de volta ao estado animal. Conforme o estágio mental do ser no momento da morte, assim é determinada a sua próxima existência.

O ser humano tem a capacidade única de se poder voltar a fundir no estágio inicial de Consciência, em Deus, perdendo a sua entidade individual de volta ao oceano infinito de Bem-Aventurança.

Portanto para os Ananda Marguis, a força que está por detrás de cada existência, de cada vibração do universo, é a Consciência Cósmica, é Deus. E cada ser neste universo é uma parte d’Ele e dança de acordo com a sua vontade ao longo de várias existências, para se voltar a fundir finalmente n’Ele.

Segundo a filosofia da Ananda Marga, o ser humano é na realidade essa Consciência Infinita, a sua Alma. Os aspectos físicos e mentais são apenas meios que usa temporariamente para se expressar no universo manifestado.

Embora geralmente os seres humanos estejam identificados com o seu corpo e mente, eles têm a capacidade de transcender todos estes aspectos transitórios da existência e realizar a unidade fundamental de tudo. Isto é o que a Ananda Marga chama Auto-realização, realização do Verdadeiro Eu, e é a meta das práticas espirituais da Ananda Marga.